Dízimos e ofertas: introdução
As Escrituras Sagradas, desde Gênesis até apocalipse, estão repletas de referências aos dízimos e ofertas, estabelecendo um sólido fundamento teológico para essa prática. Personagens como Abraão e Jacó não apenas ilustram a entrega de dízimos como um ato de fé e reconhecimento da soberania divina, mas também nos ensinam sobre a natureza voluntária e reflexiva dessas contribuições. Esses relatos, ao serem examinados, desdobram-se em lições valiosas sobre generosidade, confiança e a economia do reino de Deus, onde dar é tão intrínseco quanto receber.
No Antigo Testamento, particularmente no Livro de Levítico, encontramos diretrizes claras que moldavam a vida religiosa e social do povo de Israel, incluindo o mandamento dos dízimos e ofertas. Essas instruções não apenas sustentavam o clero e as necessidades do templo, mas também reforçavam a coesão comunitária, assistindo os necessitados e promovendo a justiça social. Esse sistema de dízimos, longe de ser uma carga, era visto como uma oportunidade de participar da missão divina, abençoando outros enquanto se é abençoado.
Assim, ao explorarmos essas passagens e exemplos bíblicos, somos convidados a mergulhar numa reflexão profunda sobre o significado dos dízimos e ofertas na atualidade. Não se trata apenas de cumprir uma norma, mas de engajar-se numa prática espiritual que reflete o coração do doador e o seu relacionamento com Deus. Através dessa lente, os dízimos e ofertas ganham novos contornos, revelando-se como atos de fé que testemunham a generosidade divina em meio a um mundo em constante transformação.
Dízimo e ofertas: fundamento bíblico
O fundamento bíblico dos dízimos e ofertas é um pilar inabalável na estrutura da fé cristã, servindo como uma ponte que conecta os cristãos às suas raízes espirituais e históricas. Desde os primeiros livros da Bíblia, somos introduzidos a esse conceito, que mais do que uma prática religiosa, reflete uma postura de coração e reconhecimento da soberania de Deus sobre todas as coisas.
No Antigo Testamento, personagens como Abraão e Melquisedeque nos apresentam as primeiras menções a essa prática. Em Gênesis 14:20, Abraão dá o dízimo de tudo a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, estabelecendo um precedente de generosidade e devoção
Essa passagem não apenas ilustra a importância de dar uma parte de nossas bênçãos em reconhecimento ao Criador, mas também sinaliza a dízimos e ofertas como um ato de adoração e gratidão.
Levítico 27:30-32 aprofunda essa compreensão, delineando os dízimos como sagrados ao Senhor. A instrução para entregar uma décima parte dos frutos da terra e dos animais destaca a integração da prática dos dízimos na vida cotidiana do povo de Israel, servindo como um lembrete constante de que tudo provém de Deus e a Ele pertence. Essa passagem reforça a ideia de que os dízimos e ofertas não são meramente obrigações religiosas, mas expressões de fé e dependência de Deus.
Deuteronômio 14:22-29 expande o conceito de dízimos, introduzindo a dimensão social dessa prática. Ao instruir o povo a usar parte dos dízimos para festas em adoração ao Senhor e para ajudar os levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas, a Bíblia enfatiza a função dos dízimos como um meio de cuidado comunitário e justiça social. Essa perspectiva sublinha a importância de olhar para além de nossas próprias necessidades, reconhecendo os dízimos e ofertas como instrumentos de bênção e solidariedade.
Por fim, Malaquias 3:10 desafia os fiéis a trazerem os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento na casa de Deus, prometendo bênçãos sem medida em resposta à obediência e fidelidade. Essa promessa divina encerra a discussão sobre dízimos e ofertas no Antigo Testamento, não apenas como um mandamento, mas como uma oportunidade de experimentar a fidelidade e a generosidade de Deus.
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Ao explorarmos essas passagens e exemplos, torna-se evidente que os dízimos e ofertas são mais do que práticas rituais; são expressões de um coração grato e reconhecido, uma maneira tangível de demonstrar nossa fé e confiança no Provedor de todas as coisas.
Dízimo e Ofertas: A determinação do 10%
Essa específica porcentagem, que se traduz literalmente como “a décima parte”, encontra suas raízes no Antigo Testamento, onde foi estabelecida como um princípio para o sustento dos levitas, a manutenção do templo e o auxílio aos necessitados.
Um dos versículos fundamentais que estabelecem essa prática é Levítico 27:30, que declara:
“Todos os dízimos da terra, seja dos cereais da terra, seja dos frutos das árvores, são do Senhor; santos são ao Senhor.”
Este versículo não apenas especifica a quantia dos dízimos como uma décima parte, mas também sublinha a sua santidade e dedicação exclusiva ao Senhor, reforçando a ideia de que o dízimo é uma oferta sagrada, destinada ao culto e ao serviço divino.
Deuteronômio 14:22 reforça essa instrução, orientando:
“Certamente darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo.”
Este comando enfatiza a regularidade e a consistência da prática do dízimo, integrando-a como um aspecto essencial da vida espiritual e comunitária do povo de Israel.
Além disso, a prática do dízimo é exemplificada na história de Abraão em Gênesis 14:20, onde ele dá a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, a décima parte de tudo o que havia conquistado. Este ato de Abraão, anterior à Lei mosaica, demonstra que a prática do dízimo já era um princípio reconhecido e valorizado, mesmo antes de ser formalizado na lei.
Dízimo e ofertas: perspectivas de Jesus
A perspectiva de Jesus sobre dízimos e ofertas, conforme registrada nos Evangelhos, oferece uma visão profunda e ampliada sobre a prática da generosidade no contexto da nova aliança. Jesus, em seus ensinamentos, não apenas reitera a importância dos dízimos e ofertas como parte da adoração e obediência a Deus, mas também enfatiza a atitude do coração com a qual essas contribuições são feitas.
Um dos momentos mais reveladores sobre o pensamento de Jesus a respeito do dízimo pode ser encontrado em Mateus 23:23, onde Ele repreende os fariseus por sua hipocrisia. Jesus diz:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.”
Aqui, Jesus reconhece a prática do dízimo, mas critica a negligência dos fariseus em relação aos aspectos mais significativos da lei, como a justiça, a misericórdia e a fé. Isso sugere que, para Jesus, o verdadeiro valor do dízimo e das ofertas reside não na mera observância da lei, mas na expressão de um coração comprometido com os valores do reino de Deus.
Além disso, Jesus frequentemente falou sobre a generosidade de maneira que transcendia a prática do dízimo formal. Em Lucas 21:1-4, Ele observa uma viúva pobre depositando duas pequenas moedas no templo e declara que ela deu mais do que todos os outros. Esse episódio destaca que, aos olhos de Jesus, a generosidade é medida não pela quantidade doada, mas pela disposição e sacrifício do doador. A ênfase de Jesus na intenção e no sacrifício revela um princípio fundamental da generosidade cristã: o que importa é a qualidade do coração e não a quantidade da oferta.
Jesus também ensinou sobre a importância de dar em segredo, sem buscar a aprovação humana. Em Mateus 6:1-4, Ele instrui seus seguidores a darem suas esmolas em segredo, para que sua doação seja feita diante de Deus e não dos homens. Essa orientação reflete o desejo de Jesus de que as práticas de generosidade sejam motivadas por um desejo genuíno de servir a Deus e ajudar ao próximo, e não por um desejo de reconhecimento ou elogio.
A Prática Correta do Dízimo
A prática correta do dízimo envolve muito mais do que simplesmente separar uma décima parte dos rendimentos; ela engloba a atitude e a intenção com as quais essa oferta é feita. Na essência da prática do dízimo está o reconhecimento da soberania e provisão de Deus, um ato de adoração que reflete a gratidão e a confiança do crente em seu Provedor.
Primeiramente, os dízimos devem ser apresentados com um espírito de reverência e gratidão. Isso significa reconhecer que tudo o que temos provém de Deus e que, ao devolver uma parte, estamos apenas entregando aquilo que já pertence a Ele. Esta prática não deve ser vista como uma obrigação ou um tributo, mas como uma expressão jubilosa de gratidão pelo cuidado e provisão divinos.
Além disso, a entrega dos dízimos deve ser feita de forma deliberada e consciente, não como um ato mecânico ou rotineiro. Cada ato de dízimo é uma oportunidade de refletir sobre a bondade de Deus e reafirmar nossa dependência e confiança n’Ele. Isso envolve orar sobre o dízimo, buscando a direção de Deus sobre onde e como ele deve ser usado para promover os propósitos do Seu reino.
A atitude do coração é de suma importância na prática do dízimo. 2 Coríntios 9:7 nos lembra:
“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.”
Esse versículo destaca que a alegria e a generosidade voluntária são elementos cruciais na entrega dos dízimos. Deus valoriza um coração disposto e alegre, mais do que o montante da oferta em si.
Por fim, a prática correta do dízimo também implica em responsabilidade e sabedoria. Isso significa ser diligente sobre para onde o dízimo está sendo direcionado, garantindo que ele seja usado de maneira a honrar a Deus e a edificar a comunidade de fé. Os crentes são encorajados a dar seus dízimos e ofertas através da igreja local ou ministérios e organizações que promovem os valores do Evangelho, ajudando na propagação da fé, no cuidado dos necessitados e na construção de comunidades de fé sólidas.
As Consequências da Não Contribuição
A questão das consequências da não contribuição com dízimos e ofertas é abordada em várias passagens bíblicas, oferecendo uma visão ponderada sobre a relação entre fé, obediência e as bênçãos decorrentes da prática do dízimo. Ao considerarmos esses ensinamentos, é crucial abordar o tema com equilíbrio, evitando interpretações que possam levar a uma visão legalista ou mercantilista da fé.
Um dos textos mais citados ao discutir as consequências da não contribuição é Malaquias 3:8-10, onde Deus questiona:
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.”
A seguir, há uma promessa de bênçãos para aqueles que obedecem a este mandamento, com Deus desafiando Seu povo a testá-Lo ao trazerem os dízimos à casa do tesouro, prometendo abrir as janelas do céu e derramar bênçãos sem medida. Este texto é frequentemente interpretado como um indicativo de que a não contribuição pode levar a uma espécie de privação espiritual ou material, onde as bênçãos são retidas como resultado da desobediência.
Entretanto, é fundamental entender esses versículos dentro do contexto da aliança que Deus tinha com Israel, onde os dízimos e as ofertas eram parte integrante da relação de pacto entre Deus e Seu povo. Essa perspectiva ajuda a compreender que, mais do que uma transação, os dízimos eram uma expressão de confiança e dependência de Deus, reconhecendo-O como a fonte de toda provisão.
Ao refletir sobre as consequências da não contribuição nos dias atuais, é importante considerar a ênfase do Novo Testamento na generosidade que flui de um coração grato e voluntário, como expresso em 2 Coríntios 9:7:
“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.”
Esta passagem sugere que a verdadeira medida da nossa doação não é a aderência a uma quantia específica, mas a qualidade do nosso coração ao dar.
Portanto, enquanto a Bíblia fala das bênçãos associadas à fidelidade nos dízimos e ofertas, também enfatiza a importância da motivação correta. As consequências da não contribuição não devem ser vistas apenas em termos de perda material ou espiritual, mas também na perda da oportunidade de participar da obra de Deus e experimentar a alegria e a satisfação que vêm de dar generosamente. A prática do dízimo, portanto, é menos sobre cumprir uma obrigação e mais sobre cultivar um relacionamento de confiança e dependência com Deus, reconhecendo que tudo o que temos vem d’Ele e é para a Sua glória.
Conclusão
Ao longo deste blog, exploramos os diversos aspectos dos dízimos e ofertas, desde seus fundamentos bíblicos até as implicações de uma contribuição feita com o coração correto. Vimos como os dízimos e ofertas são estabelecidos nas Escrituras, refletindo não apenas uma prática do Antigo Testamento, mas também princípios que são valorizados e ampliados pelos ensinamentos de Jesus no Novo Testamento.
Compreendemos que o verdadeiro valor dos dízimos e ofertas não reside na quantia ofertada, mas na qualidade do coração do doador. Jesus ampliou nosso entendimento sobre generosidade, destacando a importância da intenção e do sacrifício pessoal, e nos convidou a dar de forma que reflita nossa gratidão e nosso compromisso com os valores do Reino de Deus.
Discutimos também as consequências da não contribuição, não com o intuito de instigar medo, mas para refletir sobre a perda de oportunidades para experimentar a alegria de participar na obra de Deus e nas bênçãos que advêm de uma vida de generosidade e fidelidade.
Convido você, leitor, a refletir sobre sua própria prática de dízimos e ofertas. Encorajo-o a considerar não apenas a obrigatoriedade dessa prática, mas o estado do seu coração ao contribuir. Que sua doação seja um reflexo da sua gratidão e reconhecimento pela bondade e provisão de Deus em sua vida.
Que este blog sirva como um ponto de partida para uma jornada de descoberta e crescimento em sua vida de doação. Que você possa encontrar a alegria e a satisfação que vêm de dar generosamente, não por obrigação, mas como um ato de adoração e agradecimento ao nosso Deus generoso e providente.